Por Gildazio de Oliveira Alves
O desbravamento das terras onde se
situa o município de Mairi ocorreu especialmente a partir do século XVII com a movimentação
de religiosos e outros exploradores partindo do litoral rumo aos sertões em
missões religiosas, na busca pelo ouro, na expansão da atividade pecuária e na
caça aos índios. Foi neste cenário de colonização da região que em 1807
Severino Gomes de Oliveira fundou a Fazenda Santa Rosa de Cima, local onde se
constituiria a Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Monte Alegre, criada em
1838, elevada à condição de Vila do Monte Alegre em 1857, quando foi
desmembrada de Jacobina e alçada à categoria de cidade em 05 de agosto 1897.
Descrições do século XIX atribuídas
ao Tenente Antonio Manuel Ferreira de Menezes e alferes Everaldino Teles de
Menezes e publicadas no Diário da Bahia em 29 de janeiro de 1889 apresentam
Monte Alegre da seguinte maneira: “Pequena
e elegante vila, com cento e oitenta casas, caiadas e asseidas, que deve o nome
à sua agradável posição na encosta do monte (...) Existem na vila duas escolas
de ambos os sexos, Casa de Câmera, cemitério e uma cadeia vazia; o que não está
de acordo com desordens que freqüentemente se dão na vila (...) Este estado de
coisas a que parecem indiferentes os moradores vem de longe data, e tem
desacreditado a vila, conservando-a completamente estacionária. O clima é seco
e sadio. O comércio, pequeno e insignificante, baseia-se na compra de fumo, que
é a especialidade da lavoura, pois a seca impede a abundância dos cereais. A
criação é resumida, entretanto existem por lá muitas fazendas de gado (...) Junto
ao povoado corre um manancial de cristalinas águas, das quais supre-se a
população. O clima é excelente”.
Nota-se que no período de
constituição da Vila, no final do século XIX, o fumo, a agricultura de
subsistência e a criação de gado constituíam-se
principais atividades econômicas do município, com destaque para o fumo
que era o principal produto. Após 206 anos de fundação, 156 de autonomia
administrativa e 116 de cidade, as atividades econômicas do nosso município não
foram dinamizadas, persistindo a pequena lavoura e a pecuária, quando a seca dá
uma trégua. O cultivo do fumo foi esquecido e o comércio continua pequeno.
Parcela considerável da população é dependente dos programas de transferência
de renda do Governo Federal. Segundo o IBGE a população do município vem encolhendo
nos últimos anos, passando de 20.769 habitantes em 1991 para 19.326 em 2010,
estimando-se 19.163 em 2012. A falta de
perspectivas afeta principalmente a juventude em razão da escassez de postos de
trabalho no município, situação que se agrava ainda mais pela seca que
persiste, resultando em grande êxodo para outras regiões, especialmente para o
Estado de São Paulo. Ademais, o
município tem passado por sucessivas gestões sem projeto, que não vislumbram um
caminho de desenvolvimento minimamente sustentável, administrações que se
assentam em bases frágeis como o empreguismo e alguns poucos convênios com o
Governo Federal.
Em que pese o histórico
conformismo da nossa população frente aos seculares problemas desta terra e seu
estado estacionário, nesta data festiva, não temos alternativa senão renovar as
esperanças em um futuro melhor, acreditando que, com ferramentas como a união
de esforços, o trabalho individual e coletivo e a superação de velhas práticas
políticas poderemos descortinar no futuro um município mais forte, com geração
de empregos, menos dependência, mais saúde e educação de qualidade. PARABÉNS
MAIRI PELOS 116 ANOS DE CIDADE!!!
Caro amigo Gildásio
ResponderExcluirQuero parabeniza-lo pela explanação feita sobre um pedaço da história da nossa cidade, sobretudo pelo modelo político que sempre foi conduzido a nossa querida Mairi de forma arcaica e explorativa, sem mesmo que a maioria da população perceba.
Sem mais delongas, estendo as felicitações ao povo mairiense, desejando que boa parte busque o conhecimento, como forma de fazer uma verdadeira revolução em nossa cidade!