quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Monte Alegre/Mairi (séculos XIX e XXI): uma história em perspectiva

          Por Gildazio de Oliveira Alves

            O desbravamento das terras onde se situa o município de Mairi ocorreu especialmente a partir do século XVII com a movimentação de religiosos e outros exploradores partindo do litoral rumo aos sertões em missões religiosas, na busca pelo ouro, na expansão da atividade pecuária e na caça aos índios. Foi neste cenário de colonização da região que em 1807 Severino Gomes de Oliveira fundou a Fazenda Santa Rosa de Cima, local onde se constituiria a Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Monte Alegre, criada em 1838, elevada à condição de Vila do Monte Alegre em 1857, quando foi desmembrada de Jacobina e alçada à categoria de cidade em 05 de agosto 1897.
             Descrições do século XIX atribuídas ao Tenente Antonio Manuel Ferreira de Menezes e alferes Everaldino Teles de Menezes e publicadas no Diário da Bahia em 29 de janeiro de 1889 apresentam Monte Alegre da seguinte maneira: “Pequena e elegante vila, com cento e oitenta casas, caiadas e asseidas, que deve o nome à sua agradável posição na encosta do monte (...) Existem na vila duas escolas de ambos os sexos, Casa de Câmera, cemitério e uma cadeia vazia; o que não está de acordo com desordens que freqüentemente se dão na vila (...) Este estado de coisas a que parecem indiferentes os moradores vem de longe data, e tem desacreditado a vila, conservando-a completamente estacionária. O clima é seco e sadio. O comércio, pequeno e insignificante, baseia-se na compra de fumo, que é a especialidade da lavoura, pois a seca impede a abundância dos cereais. A criação é resumida, entretanto existem por lá muitas fazendas de gado (...) Junto ao povoado corre um manancial de cristalinas águas, das quais supre-se a população. O clima é excelente”.
Nota-se que no período de constituição da Vila, no final do século XIX, o fumo, a agricultura de subsistência e a criação de gado constituíam-se  principais atividades econômicas do município, com destaque para o fumo que era o principal produto. Após 206 anos de fundação, 156 de autonomia administrativa e 116 de cidade, as atividades econômicas do nosso município não foram dinamizadas, persistindo a pequena lavoura e a pecuária, quando a seca dá uma trégua. O cultivo do fumo foi esquecido e o comércio continua pequeno. Parcela considerável da população é dependente dos programas de transferência de renda do Governo Federal. Segundo o IBGE a população do município vem encolhendo nos últimos anos, passando de 20.769 habitantes em 1991 para 19.326 em 2010, estimando-se 19.163 em 2012.  A falta de perspectivas afeta principalmente a juventude em razão da escassez de postos de trabalho no município, situação que se agrava ainda mais pela seca que persiste, resultando em grande êxodo para outras regiões, especialmente para o Estado de São Paulo.  Ademais, o município tem passado por sucessivas gestões sem projeto, que não vislumbram um caminho de desenvolvimento minimamente sustentável, administrações que se assentam em bases frágeis como o empreguismo e alguns poucos convênios com o Governo Federal.
Em que pese o histórico conformismo da nossa população frente aos seculares problemas desta terra e seu estado estacionário, nesta data festiva, não temos alternativa senão renovar as esperanças em um futuro melhor, acreditando que, com ferramentas como a união de esforços, o trabalho individual e coletivo e a superação de velhas práticas políticas poderemos descortinar no futuro um município mais forte, com geração de empregos, menos dependência, mais saúde e educação de qualidade. PARABÉNS MAIRI PELOS 116 ANOS DE CIDADE!!!

Um comentário:

  1. Caro amigo Gildásio
    Quero parabeniza-lo pela explanação feita sobre um pedaço da história da nossa cidade, sobretudo pelo modelo político que sempre foi conduzido a nossa querida Mairi de forma arcaica e explorativa, sem mesmo que a maioria da população perceba.
    Sem mais delongas, estendo as felicitações ao povo mairiense, desejando que boa parte busque o conhecimento, como forma de fazer uma verdadeira revolução em nossa cidade!

    ResponderExcluir