segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Modernidade e Modernismo


Por Gildazio de Oliveira Alves 

A mesma modernidade que gestou o Iluminismo também criou o Socialismo, da mesma fonte de certezas emergiu a vontade de delinear um sentido, um rumo, um futuro para a humanidade. Se o Cristianismo sistematiza a idéia de redenção pela “expiação dos pecados” a modernidade o faz pela crença nos frutos da ciência, na intervenção humana que gera benefícios para todos. O mesmo projeto coletivo, o mesmo sentido escatológico encontra-se no Socialismo e seu ideal de igualdade, ideal que segundo Nietzsche, configura-se um pensar em bloco que torna o homem moderno medíocre, fraco...
Coube ao século XIX imaginar a grande “tragédia do desenvolvimento”. A modernidade do capitalismo, que derruba fronteiras, cria um novo lugar para o indivíduo, o lugar da produção, um lugar definido. O homem passa a ser parte da gigantesca engrenagem da produção em série, do anseio da comercialização e do crescimento do excedente. As máquinas, as ferrovias, os meios de comunicação, os novos bens de consumo, ocorrem em concomitância com as transformações no meio ambiente e com a ânsia de modernização. A modernidade é assim o tempo da efemeridade, da aventura, das “grandes certezas incertas”. O moderno procurou destruir a velha cara da antiguidade e criou o novo dilema – Como eternizar algo onde tudo é passageiro? Assim, o modernismo só poderia falar do eterno ao congelá-lo no tempo. O tempo, o lugar, o sujeito passam a ser objeto dessa “construção destruidora” da aventura modernista, que rompe as barreiras do antigo, que quebra paradigmas na ânsia de uma nova estética, de um novo ideal de homem, de sociedade. As artes percorreram esse íngrime caminho rumo ao século XX, procurando um novo sentido, um novo ideal de criação e recriação.
A euforia da modernidade esbarrou no século XX nos frutos de sua própria criação – a destruição, a eficácia da morte, morte de um sentido, morte do otimismo. As guerras, as bombas atômicas fizeram a modernidade encontrar-se consigo mesma. O “breve século XX” fez, ainda, ruir o “muro da vergonha”, o ideal da separação, da prisão em nome da igualdade. Parafraseando Nietzsche, é realmente melhor contestar sempre do que aceitar em bloco. A moral cristã, o ideal de progresso e de igualdade da modernidade, vislumbraram no século XX o horror das conseqüências de seus empreendimentos. E no presente estamos a procura de um novo sentido.

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